
O Aqueduto das Águas Livres, mandado construir em 1731 por
D. João V, veio resolver o problema da falta de água, mas marcou decisivamente
a paisagem. A utilização agrícola intensiva dos solos conduziu à erosão e
destruição, quase total, da vegetação original. No século XIX, a serra de
Monsanto era coberta por searas e por pastos para gado. A importância da
produção cerealífera é atestada pelas ruínas de inúmeros moinhos de vento.
Nesta altura, o Monsanto tinha também várias pedreiras, de onde foi extraída a
matéria-prima para a crescente demanda urbanística da Lisboa da época.
A ideia de arborizar a Serra de Monsanto terá surgido em
1868, a partir um relatório acerca da arborização geral do País, da autoria de
Carlos Ribeiro e Nery Delgado, onde se lê que "... toda a Serra do
Monsanto que muito conviria arborizar, para mais tarde abastecer a Capital de
lenhas e madeiras, amenizando ao mesmo tempo a aridez " e para, a exemplo
do Bosque de Bolonha, em Paris, ser um grande parque de passeio dos Lisboetas.
Mais tarde, em 1926 e 1927, as propostas de ordenamento
apresentadas, respectivamente, por Forestier e Mac-Bride consideravam a
arborização e a instalação de recintos para jogos e desportos, assim como equipamentos
de lazer, lagos e miradouros. E em 1929 foi criada a primeira comissão para
elaborar plano de arborização da Serra de Monsanto. A iniciativa partiu do
Ministro da Agricultura, o tenente-coronel Linhares de Lima, que planificou a
arborização da Serra de Monsanto. O seu objectivo era «(…) melhorar o clima da
cidade, protegendo-a dos ventos e beneficiando-a com um parque monumental(…)». O
engenheiro da Câmara Municipal, António Abrantes, fez o plano que previa que
«toda a serra será arborizada (…). Os moinhos que abundam na serra serão
aproveitados para pequenas casas de chá, independentemente da construção de um
ou vários pavilhões (…) e em torno deste grande parque, de acidentado terreno e
belos horizontes, haverá uma avenida de onze quilómetros de extensão (…) que
ligará com o futuro Estádio Nacional e terá comunicação com (…) o largo da
Torre de Belém».
Foi o Engº. Duarte Pacheco (Ministro da Obras Públicas em
1932 e Presidente da Câmara Municipal de Lisboa em 1938), que fez do Parque
Florestal de Monsanto uma realidade. Em 1934 foi promulgado o Decreto-Lei nº
24625, pelo então Ministro das Obras Públicas Engenheiro Duarte Pacheco, que
propunha a criação do Parque Florestal de Monsanto estabelecendo um prazo de
seis meses para a elaboração do projecto. As poucas árvores que existiam na
Serra eram as da Mata de São Domingos de Benfica, as da Tapada da Ajuda, e
ainda algumas oliveiras que ladeavam as estradas que dividiam os terrenos.
Este diploma impõe, à CML, a divulgação e promoção do
projecto, e ao Ministério da Agricultura, a sua arborização, definindo um
regime de expropriações inédito em Portugal. Em 1938, embora o prazo
estabelecido pela lei criada por Duarte Pacheco já tenha expirado, é contratado
o Arquitecto Francisco Keil do Amaral para o projectar, e o Parque começa a ser
uma realidade. A árida Serra de Monsanto tornou-se palco de uma guerra
pacífica, na qual a Mocidade Portuguesa teve o papel de plantar milhares de
árvores, que hoje revestem a Serra. À Mocidade juntaram-se os trabalhadores
desses terrenos e os prisioneiros do Forte de Monsanto, numa luta contra o
tempo, plantando árvores de crescimento rápido como a Acácia e o Eucalipto, mas
também pinheiros e Cedros e espécies típicas da floresta portuguesa, como o
Carvalho Cerquinho, o Sobreiro e a Azinheira.
O Monsanto é, hoje, o pulmão de Lisboa. Importa não deixar destruir, nem que seja um bocadinho só.
O Monsanto é, hoje, o pulmão de Lisboa. Importa não deixar destruir, nem que seja um bocadinho só.
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